Aumentam os dias vermelhos

Já reparou como o calendário, aqui ao lado, está a ficar cada vez mais colorido? Infelizmente, a cor predominante é a vermelha, sinal de ilegalidades.

IGAC, por onde andam vocês?

Fnac: 28,5% de desconto ou como a chico-espertice perdeu o pudor

Se calhar é da crise ou se calhar entrou um novo responsável, espanhol ou qualquer outro estrangeiro que despreza e olha de alto para nós, e eis que temos a Fnac a deixar de usar a chico-espertice de dar descontos adicionais em pontos para passar a dá-los à descarada. Perdeu o pudor, portanto.

Veja-se este título da Leya, publicado ontem. Preço de editor: 17 €. Preço Fnac: 15 €. Preço Fnac para possuidores do seu cartão: 13,50 € (o site da Fnac, donde foi retirada a ilustração, mostra o preço de 13,30 € por gralha, ou melhor, por burrice de quem concebe estas chico-espertices para ludibriar a Lei e acabou ludibriado nas suas próprias contas).

Ora, de 13,50 € para 17 € é um desconto de... 20,6%.

ISTO É ILEGAL! IGAC, para vossa acção imediata!

IGAC, não esperem pelo 12 de Abril para que isto fique esquecido e toda a gente possa voltar à sua existência medíocre e improdutiva. Actuem já! Se esta é a primeira chico-espertice despudorada feita às claras, então é porque haverá mais e mais. Ou vocês param isto agora, ou nunca mais têm mão neles, nem nos arrogantes da Fnac, nem nos macaquinhos de imitação da Bertrand, nem nos restantes Continentes e afins.

IGAC, eles andaram a testar-vos e vocês falharam.
Agora, quanto mais adiarem a vossa intervenção, mais difícil será.

E mais! Entre hoje e domingo, a Fnac dá ainda 10% cumulativo de desconto em pontos no cartão. Ou seja, durante 3 dias, um livro que devia ser vendido por entre 15,30 € e 17 € (ou por entre 13,60 € e 15,30 € em ocasiões especiais), vai ser vendido por 12,15 €, um desconto de 28,5% para um livro lançado ontem!

Tudo isto é inaceitável.

Editorial Presença: 50% de desconto confirmado

Pois é, confirma-se este post. A Editorial Presença vai ter durante toda esta semana todo o seu catálogo à venda online com o que é na prática um desconto de 50%.

Que TODA a gente aproveite, livreiros incluídos! (hipers não precisam porque já têm +/- esse desconto, mas também não são livreiros)

E, IGAC, caso andem apenas à procura de livros-piratas no mercado, digam-me lá se há alguma diferença, para a Lei do Preço Fixo, entre um Tigre Branco pirata a metade do preço, ou um Tigre Branco não-pirata a metade do preço. Não procurem apenas o primeiro, o segundo também é proibido.

Habemus IGAC

A TVI24 diz aqui que a IGAC apreendeu anteontem "mais de 29 mil cópias ilegais de oito títulos de livros infantis", de acordo com as declarações de Ricardo Hipólito, Chefe da Equipa de Inspecção da IGAC.

Ah, operações espectaculares, de encher os olhos duns e os egos doutros. Também servem de elemento dissuasor, por isso concordo com elas. Mas agora que sabemos que há uma (e só uma) "Equipa de Inspecção" da IGAC (será a mesma que fiscaliza os selos dos DVDs e as touradas?), que tal porem-se a verificar uma vez por outra o cumprimento da Lei do Preço Fixo do Livro? É só olharem aqui para o lado, para o calendário com dias vermelhos.

(via Blogtailors)

Relatório francês recomenda manutenção do preço fixo

A ministra francesa da Cultura aprovou as conclusões de um relatório oficial que recomendam a manutenção do preço fixo do livro.

Após um inquérito de cinco meses de uma comissão do Parlamento, apurou-se que foi graças
à Lei Lang, em vigor desde 1981, que em França:
  • há acesso igualitário ao livro
  • há uma rede de 3500 livrarias independentes, apesar do crescimento da Internet, dos hipermercados, das grandes superfícies culturais e dos clubes do livro e da triplicação do empréstimo de livros nas bibliotecas
  • o mercado do livro cresceu em média 3% ao ano
  • o número de exemplares vendidos cresceu 50% entre 1986 e 2007
  • há 595 000 títulos disponíveis para venda
É também de realçar que a lei não teve efeitos inflacionistas. Desde 2000 que o preço relativo do livro em França tem vindo a baixar, e não é mais elevado que nos outros países.

O relatório aconselha ainda a que não se mexa no desconto máximo permitido (5%, e nada de "ocasiões especiais" ou chico-espertices), no período de embargo para clubes do livro e no prazo mínimo de permanência em stock para efeitos de saldos (6 meses, aspecto que a lei portuguesa não aborda).

Relatório original aqui
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(via Blogtailors)

FAQ Taxa de entrega

Outra pergunta recebida por email, do mesmo consulente deste post:
"Então e... posso vender pelo correio (internet, catálogo) um livro saído há menos de dezoito meses com 10% de desconto (ou 20, vá, durante não sei quantos dias) e... oferecer os portes de envio? (Isto é, a oferta de portes acumula com o desconto máximo permitido?)"
Primeiro: é minha (e só minha) interpretação que as vendas de novidades a distância, incluindo pela Internet, passam a preço livre ao fim de nove meses e não de 18, por causa da deficiente redacção da Lei - leia mais neste post.

Segundo: essa do "vá, durante não sei quantos dias" é a típica do tuga que não sabe nem quer saber da lei porque só precisa de saber que não tem de se preocupar com as consequências do seu não cumprimento. Vá pois você ler estes posts sobre as ocasiões especiais e deixe-se de armar ao pingarelho - vai ver que arranja mulher à mesma, que 95% dos humanos não morrem solteiros (os restantes devem ser padres).

Terceiro, concretamente sobre portes de envio e taxa de entrega: diz a lei que o comerciante (ou retalhista, como lhe chama a Lei do Preço Fixo do Livro) pode fazer recair sobre o cliente as taxas de serviço que entender, desde que previamente comunicadas ao cliente e por este aceites. É portanto legal, segundo a lei, cobrar uma "taxa de entrega" por cima do preço do produto, até mesmo no caso de lojas abertas ao público (mas só conheço uma que o faz, a francesa Pixmania). Deriva daqui, por oposição, que o comerciante não é obrigado a fazer recair sobre o cliente quaisquer taxas adicionais ao preço do produto. Portanto, não vejo como poderia o comerciante a distância ser obrigado a cobrar portes de envio ou taxa de entrega só por não ter loja física, da mesma forma que o lojista não pode ser obrigado a cobrar uma taxa de entrega por ter empregados de balcão e pagar renda da loja.

Esta minha posição está em concordância com o veredicto final da acção judicial da associação francesa de livreiros contra a Alapage e a Amazon.fr por estas oferecerem os portes de envio, alegando os livreiros que se traduziria numa vantagem concorrencial proibida pela lei francesa do preço fixo do livro. Após um recurso (o que demonstra que a análise não foi consensual), o tribunal deu razão aos dois websites, que continuam por isso a não cobrar taxas de entrega (mas, por causa da mesma acção, foram proibidos de dar vales de desconto para compras futuras, as tais chico-espertices da Fnac e da Bertrand!).

Editorial Presença: 50%+ de desconto!

Viva a crise, e viva mais outro desconto ilegal. Desta vez a Presença promete oferecer um "desconto de 100% em conta-cliente" que corresponde a um desconto real de 50% no mínimo, portanto claramente ilegal.

IGAC, à vossa atenção!

Porquê o desconto real de 50%? Porque os 100% do anúncio são levados a conta-cliente e portanto servem de crédito para compras futuras. Se um cliente comprar um livro com preço de editor de 10€ e sem desconto, paga os 10€ mas ficará com 10€ de crédito para a compra de um segundo livro. Se o segundo livro tiver o mesmo preço de editor de 10€ e a Presença não fizer qualquer desconto, então o cliente irá pagar 10€ por dois livros que valem 20€. Daí os 50% de desconto reais. Por outro lado, se a Presença praticar 10% de desconto em todo o catálogo e o cliente quiser os mesmos dois livros, então o cliente pagará 9€ por dois livros que valem 20€, passando o desconto a ser de 55%.

Faz lembrar a chico-espertice da Porto Editora, que fez uma célebre promoção não há muito tempo (mas antes de este blog nascer) em que prometia 1 milhão de livros com 100% de desconto e no final deu meia dúzia, e mesmo esses andou a ver à lupa se havia algum batoteiro a querer levar mais do que um livro, esse malandro!, a querer enriquecer à custa do maior grupo editorial português...

Mas desta vez parece que não há mesquinhice, é mesmo um maná à conta da crise! Durante uma semana inteira, bom povo de Portugal, trabalhador e sofrido, que merece ler mais do que consegue, compra livros da Presença exclusivamente no site da Presença! Compra o Tigre Branco por zero!, o Harry Potter por zero!, o Principezinho por zero!, o James Patterson por zero! Não te preocupes com os livreiros e os merceeiros que também vendem os livros da Presença - esse só vão deixar de os vender durante uma semana, e se calhar ainda vão lá abastecer-se de livros como tu, porque o desconto é realmente tentador.

Como é que a Presença irá justificar esta promoção perante os seus clientes livreiros, a quem não dá 50%+ de desconto? Como é que a Presença irá justificar-se perante os seus clientes merceeiros, a quem ainda não dá mas-já-faltou-mais-para-dar 50%+ de desconto? Como é que a Presença irá justificar-se perante a IGAC perante esta infracção à Lei do Preço Fixo do Livro?

Com advogados cujos pareceres jurídicos não são mais do que chico-espertices para contornar a letra da Lei? Mas é o espírito da Lei que conta, senhores! Não é a letra, é o espírito! E o espírito está neste caso a ser muito, mas muito desrespeitado, porque a concorrência está a ser muito, mas muito distorcida.

Faltam duas semanas menos um dia para começar esta acção ilegal. Ainda vamos todos a tempo de fazer a Presença alterar a sua posição - todos: clientes, concorrentes, IGAC!

Princípia: dias vermelhos

Esta é a continuação/actualização deste post. Ali se mostrava como este livro de Novembro de 2008, portanto uma novidade, estava a ser vendido directamente pela editora ao público com um desconto de 15%. Agora que fomos lá espreitar, não só constatamos que a editora esgotou os 25 dias a 5 de Março como ainda aumentou o desconto para 20%! É preciso ter lata!

IGAC, à vossa atenção!

Este post será actualizado quando terminarem os dias vermelhos.

Jumbo.pt: 7 dias

Que pena, já passou a oportunidade e só agora me dizem para vos poder dizer.

Mas aqui fica o registo de que o site dos hipermercados Jumbo usou 7 dos 25 dias de ocasiões especiais a que tem direito por ano para fazer entre 10% e 20% de desconto em todos os livros.

A ilustração engana, porque o desconto de 10% não foi sobre o preço de editor (caso em que não seria uma ocasião especial, seria normal), foi sim sobre o preço marcado nos livros, que já incluía 10% de desconto. Portanto, 10% sobre 10% deu um desconto de 19%. Podíamos ter aproveitado, dentro da legalidade.

Livraria Bertrand: 20% de desconto

É só para recordar este outro post, porque na 2.ª feira TODOS os livros na Bertrand estarão com 20% de desconto.