Reino Unido: a lei da selva

A revista britânica The Bookseller fez em 16 de Janeiro de 2009 (aqui) o balanço dos preços médios de venda ao público em 2008 no Reino Unido, usando para o efeito os dados de vendas reais e completos de 95% do mercado.

O panorama é estarrecedor. Como o mercado é totalmente livre, podendo inclusivamente vender-se abaixo do preço de custo, os retalhistas perderam 500 milhões de libras (uns 550 milhões de euros) em 2008 nos descontos que fizeram sobre o preço recomendado dos livros.

Pior ainda: o volume de vendas caiu 1.5% em relação a 2007, para 1780 milhões de libras, e no entanto o volume de descontos subiu 0,2% no mesmo período!

O nível de descontos praticados pelo retalho britânico foi classificado assim por Simon Junden, o director executivo da Publishers Association (a associação local das editoras, e o negrito é meu):
"Crazy. Os livros que vendemos mais são também aqueles em que fazemos maiores descontos. Os livros são valiosos bens culturais e deviam ser vendidos nessa condição."
Queremos em Portugal fazer os mesmos 22% de desconto médio ao público, como no Reino Unido? Em nome da concorrência e do valor para o consumidor, queremos que os preços-base definidos pelas editoras disparem na vertical, para que as editoras possam dar os necessários descontos adicionais aos livreiros e às cadeias? Queremos que o Lobo Antunes tenha uma síncope cardíaca quando isso acontecer?

Ou queremos manter a Lei do Preço Fixo e garantir que ela é aplicada?

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